Os problemas precoces do Vasco 2011
qui, 20/01/11
por André Rocha |
Ainda assim, o vascaíno tem motivos para se preocupar com o que viu em São Januário na derrota por 1 a 0 para o Resende na estreia do campeonato carioca, resultado que encerrou com uma invencibilidade de sete meses em seus domínios. Principalmente porque o time de PC Gusmão, mesmo na atuação de razoável a boa no triunfo sobre o Cerro Porteño também pela vantagem mínima no sábado, apresentou problemas táticos de difícil solução pelas características de titulares incontestáveis.
A começar por Fágner e Ramon, que são laterais ofensivos, trabalham bem com a bola, procurando as ultrapassagens em velocidade. Mas defensivamente são frágeis, instintivamente saindo à caça dos laterais/alas do adversário na intermediária e não guardando o posicionamento mais próximo dos zagueiros de área numa linha de quatro defensores. Os dois também encontram sérias dificuldades em fazer a cobertura da zaga por dentro, até porque a estatura não ajuda.
No meio-campo, Carlos Alberto está de volta. Em condições normais, PC o escalaria à frente de três volantes num 4-3-1-2 que varia para o 3-4-1-2 com o recuo de um deles para a defesa. Foi assim que o treinador trabalhou no Ceará e no próprio Vasco em 2010, exatamente para liberar os laterais como alas e o meia de ligação para encostar na dupla de ataque.
Mas o time cruzmaltino também tem Felipe. Líder, habilidoso, passe diferente, história no clube…mas marca pouco, ou quase nada. Mesmo com formação de lateral. PC vem tentando encaixá-lo como um meia mais recuado, quase um volante, pela direita.
Como Felipe não tem mais velocidade para buscar a linha de fundo, a ideia é que ele use seu pé canhoto para driblar cortando para dentro e concluir ou servir os atacantes. Tudo isso sem disputar espaços com Carlos Alberto e também Éder Luís, que ao invés de se movimentar pelos flancos para que Marcel se fixasse na área, ficou mais preso do lado esquerdo e tornou as ações ofensivas previsíveis.
Tudo isso acaba estourando nos volantes Allan e Rômulo. O primeiro, mais plantado à frente da zaga, várias vezes precisou fazer a cobertura por um dos lados como um terceiro zagueiro. E o outro, que teoricamente ocuparia o lado esquerdo do losango no meio-campo, teve que recuar pelo centro para que a entrada da área não ficasse abandonada.
A
estrutura inicial do Vasco: 4-3-1-2 com Felipe pela direita e Carlos
Alberto na ligação. Laterais saem demais e sobrecarregam volantes e
zagueiros.
E no contragolpe dos visitantes que já vinha sendo ensaiado ao longo do segundo tempo, o cruzamento da direita encontrou Alexandro livre, entre Cesinha e Douglas, na frente de Fernando Prass. Fágner estava na intermediária. Como um ala, não lateral.
O 4-3-3 do segundo tempo que abriu ainda mais o time de PC Gusmão e facilitou os contragolpes do Resende.
A questão é minimizar o aparente “descasamento” das características de laterais e meiocampistas que tornam a equipe frágil sem a bola e, até agora, sem volume de jogo e contundência ofensiva que justifiquem a manutenção da estrutura tática e do plano de jogo.
Uma alternativa seria deslocar Carlos Alberto para o ataque no lugar de Marcel. A equipe novamente ficaria sem uma referência na frente, mas teria o talento do capitão ainda mais perto da zona de decisão. Além disso, Felipe poderia voltar a jogar na ligação e a entrada de mais um volante liberaria os laterais, reequilibrando o time.
Uma
alternativa com time completo: 4-3-1-2 que alterna para o 3-4-1-2 com o
recuo de um volante, liberando os laterais e Felipe para articular as
jogadas procurando Éder Luís e Carlos Alberto na frente.
A hora é agora, para mudar e reagir.